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Salgueiro abre as portas da história para novas passistas

A Academia do Samba convoca mulheres a partir de 18 anos para integrar uma das alas mais emblemáticas do Carnaval carioca, em seleção marcada por técnica, presença e comprometimento

Na quadra da Rua Silva Teles, o misto de expectativa e vibração tomou conta na noite em que a Acadêmicos do Salgueiro realizou sua audição oficial para novas passistas. O relógio marcou 20 h, mas o samba já emergia antes mesmo do primeiro passo: era desejo de pertencimento, era convite aberto à diferença, era a promessa de vestir vermelho-e-branco com alma.

O chamado era claro: mulheres com pelo menos 18 anos, dispostas a trilhar a rotina intensa de ensaios, espetáculo e compromisso com a comunidade. O teste foi menos sobre passos solitários e mais sobre presença coletiva — aquela que se move junto, que brilha com o corpo e que representa o Salgueiro em shows, eventos e na avenida. Roupas confortáveis, preferencialmente pretas, tênis ou salto alto, e a vontade de ser parte de algo maior marcaram o momento.

Por trás dos sorrisos e dos flashes, havia um recado sério: integrar essa ala é carregar história. Como ressaltou o diretor de passistas, ocupar esse espaço exige mais que samba no pé — exige disciplina, entrega e coração. A quadra observava não apenas o movimento das pernas, mas o brilho no olhar, a postura diante da bateria, o ajuste ao compasso que se tornou assinatura da escola. A Salgueiro não convoca apenas artistas — convoca representantes de sua marca, de sua comunidade, de sua tradição.

Quando a bateria soou, eleita o motor desse ritual, e as passistas avançaram, repetiram-se não apenas estampas e brilhos, mas a promessa de narrar em cada passo o amor que a escola inspira. E ali, naquela noite de audição, ficou evidente que o samba também se renova — através de quem chega, com o corpo novo, e assume o desafio de manter viva a chama que já arde há décadas.