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Portela grava samba com emoção e ancestralidade em homenagem a Gilsinho rumo ao Carnaval 2026

No Estúdio Century, a Águia Altaneira reuniu seu talento, sua memória afetiva e sua força ancestral para registrar o samba que guia a escola em um dos anos mais simbólicos de sua história recente.

A gravação do samba da Portela para o Carnaval 2026 foi um encontro de fé, saudade e potência criativa. No estúdio, cada microfone parecia carregar um fio invisível que ligava o presente ao legado deixado por Gilsinho, intérprete marcante da escola, cuja ausência transformou a sessão em ritual de homenagem. A comunidade chegou com o coração apertado, mas com a voz firme, consciente de que aquele registro não seria apenas musical — seria emocional.

A obra escolhida mergulha na ancestralidade do povo preto, nos mistérios do orixá Bará, na travessia dos pampas e na força simbólica que renasce sob o céu aberto do Rio Grande. O tema é profundo, espiritual e carregado de elementos que pedem entrega total. E foi exatamente isso que se ouviu: entrega. O cavaco de Leandro Lima sustentou o corpo da melodia com precisão e alma, enquanto Zé Paulo Sierra conduziu a interpretação com sensibilidade, preenchendo o estúdio com a vibração que só a Portela sabe emitir.

O coro trouxe intensidade, verdade e a respiração coletiva de quem entende o peso da homenagem. Cada frase parecia carregar uma lembrança do intérprete que marcou gerações. Era possível sentir que a saudade encontrou forma musical, transformando a dor em devoção, a ausência em presença simbólica, a memória em canto. Havia lágrimas discretas, mas havia também orgulho — o orgulho de honrar quem fez da voz um instrumento de amor à escola.

A gravação não foi apenas um passo técnico; foi um rito de passagem. A Portela saiu do estúdio com mais do que uma faixa registrada: saiu com uma missão selada. Para 2026, a escola leva um samba que é ao mesmo tempo oração, denúncia, celebração e renascimento. Quando ecoar na avenida, não será apenas música — será ancestralidade pulsando no compasso da Tabajara, guiando a Águia a voar alto mais uma vez.